
O Ártico está mudando rapidamente devido ao aquecimento global, e essas transformações estão afetando profundamente a megafauna marinha da região. No artigo de Grémillet e Descamps (2023), os autores analisam como o clima está remodelando os ecossistemas marinhos árticos e seus habitantes, como baleias, focas, morsas e ursos-polares.
Com o derretimento acelerado do gelo marinho, muitas espécies estão perdendo habitats essenciais para alimentação, reprodução e descanso. Por exemplo, os ursos-polares enfrentam desafios crescentes para caçar focas, já que o gelo, fundamental para essa atividade, está se reduzindo em extensão e duração. Da mesma forma, morsas estão sendo forçadas a descansar em terra firme, aumentando o risco de mortes em massa por superlotação e predadores.
Espécies de baleias, como a baleia-franca-do-Ártico, também estão sendo impactadas, pois as mudanças no gelo e na temperatura da água afetam a disponibilidade de suas presas, como o krill. Por outro lado, algumas espécies subárticas, como a baleia-jubarte, estão expandindo sua distribuição para o Ártico, criando novos cenários de competição por recursos.
O estudo destaca ainda que essas mudanças não afetam apenas os indivíduos, mas podem causar efeitos em cascata em todo o ecossistema, alterando dinâmicas tróficas e interações entre espécies. Além disso, a exploração humana de recursos, como pesca e transporte marítimo, está aumentando com a redução do gelo, agravando os impactos climáticos.
Grémillet e Descamps alertam que, embora algumas espécies possam se adaptar, muitas outras estão em risco de declínio ou até extinção. A conservação da megafauna marinha do Ártico exige esforços globais para mitigar as mudanças climáticas e proteger os habitats que restam. Essas espécies são indicadores críticos da saúde dos oceanos e, ao protegê-las, também estamos preservando um dos ecossistemas mais únicos e frágeis do planeta.
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