
Os microplásticos estão indo além do ambiente marinho e chegando aos tecidos dos mamíferos marinhos, como evidenciado pelo estudo de Merrill et al. (2023). A pesquisa revela que esses fragmentos microscópicos não apenas são ingeridos, mas também podem se translocar para diferentes partes do corpo, incluindo a gordura (blubber), o melão (estrutura acústica dos cetáceos) e outros tecidos essenciais.
Essa descoberta é preocupante, pois destaca que os microplásticos e os contaminantes químicos associados a eles não ficam restritos ao trato digestivo. Sua presença em tecidos como o blubber, uma camada crítica para a regulação térmica e armazenamento de energia, pode ter implicações severas para a saúde dos animais. No caso do melão, usado para ecolocalização, a contaminação pode prejudicar a navegação e a comunicação desses cetáceos.
O estudo reforça a ideia de que a ingestão de microplásticos é apenas o início de um problema mais complexo. Uma vez dentro do organismo, esses fragmentos podem atravessar barreiras biológicas e causar efeitos tóxicos e inflamatórios em níveis celulares e sistêmicos. Os impactos de longo prazo ainda são pouco compreendidos, mas há preocupações sobre alterações metabólicas, bioacumulação e potencial interferência em processos reprodutivos e imunológicos.
Merrill et al. também destacam a necessidade de padronizar métodos para identificar e quantificar microplásticos em tecidos biológicos, já que as técnicas atuais variam amplamente. Além disso, chamam atenção para a urgência em reduzir a poluição plástica nos oceanos, dada sua capacidade de afetar espécies-chave e os ecossistemas marinhos como um todo.
Este estudo é um alerta para o impacto abrangente da poluição plástica e a necessidade de ações imediatas para mitigar seus efeitos tanto no ambiente marinho quanto na saúde das espécies que nele habitam.
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